as minhas asas de rendas de penas
De uma forma ou de outra, acabo por levantar voo e sair daqui. Pelas minhas próprias asas conheço um mundo que apenas em mim cabe, só me serve a mim. Cheio de coisas que eu já imaginava antes e de outras ainda por criar, ainda por nascer. Voar não se resume a bater as asas, como andar não se resume a adiantar um pé ao outro; voar não se fica por rasgar os céus impostos por nós ou por alguém. Criar vento para o contrariar não chega. É um bom começo mas não suficiente. Queria voar com todos mas nem todos sabem voar, muito menos os que podem. Queria que vissem as minhas asas iradas de ar, arejadas de ira quando por aí me atiro, onde não me vêm nem me sentem, apenas me ouvem. Se solto o grito vou sentir a raiva surda de não mais usar estes membros que me entregam, estes membros que me elevam sobre ti e sobre todos! De vez em quando eu converso contigo e sei que não há muitos que podem fazê-lo. E sei que me espreitas e sei que me guias. Sei melhor ainda que me amas e às minhas asas de rendas de penas. Porque com elas eu posso conversar contigo, com elas eu consigo ver-te e saber que daí a guias a ela também! Não sei se posso acreditar nesse mundo onde me levas às vezes. Não sei ainda se quero acreditar nele, não sei se acredito que ele existe de verdade. Mas há mais mundos onde eu também moro, onde eu às vezes vivo e outras fico.
Sei só que as asas me levam onde gosto de estar, onde dá gosto ouvir o vento e a chuva, onde há diferente serenidade e constante silêncio verbal.
Por isso te digo que um dia vou ensinar-te a voar.
Sei só que as asas me levam onde gosto de estar, onde dá gosto ouvir o vento e a chuva, onde há diferente serenidade e constante silêncio verbal.
Por isso te digo que um dia vou ensinar-te a voar.
1 Comments:
fly!
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