ó vizinha, dá-me salsa?
Hoje estive na Ericeira, onde o mar é mais azul. Azul que, para meu descontentamento (e penso que não só meu), se vai tornando mais e mais cinzento por cada escassa vez que lá vou. O que quero dizer com isto é que agora vou lá num misto de felicidade e tristeza. Triste porque vou aos poucos despejando a casa que me conhece a infância, a casa com (cada vez menor) vista para o mar. Feliz (e isto é mesmo o que me entristece em simultâneo) porque criei uma irritação, uma vontade de estar longe daquela terra. A razão é "como transformar uma vila à beira mar numa Amadora". Isto vai-me fazendo confusão desde o dia em que plantaram a uns metros da minha varanda, um caixote com uma série de janelas de maneira a que se pudesse jogar cartas com o vizinho da frente. Mas nem por isso me queria distanciar daquilo. O revoltante é quando se tenta passear pela Ericeira. Eu já não o consigo fazer e nem sequer tenho vontade. Blocos de betão com buracos atrapalham-me a vista por todos os lados. Estendais virados para a rua, de maneira a que todos vejam as novas cuecas da Rute. As vizinhas cochicham (como sempre fizeram) com a diferença de que há dez anos atrás não usavam unhas de gel nem carteiras a imitar as "chiques", que é de facto o "patamar-desejo" daquela gente. Mesmo o facto do Mourão do Caniço não me ter servido um chá preto porque "ah, isso aqui não há!" (devo ter sido a única alma que em toda a existência daquele estabelecimento pediu um chá num sítio onde se comem bitoques e se bebe cerveja) e do Gama já só fazer queques e biscoitos de manteiga aos fins de semana... Tudo me irrita! Eu própria já arranjo pretextos, porque vejo a Ericeira tão diferente que o que me apetece é implicar, arranjar uma maneira da terra só me dar más recordações. Chego lá e não acho que lá tenha vivido; melhor, não quero pensar que a melhor infância que se pode ter seja hoje uma Amadora ou um Cacém. Estragaram-na (só a ericeira)!
De qualquer maneira, as boas recordações permanecem. Elas não me querem abandonar.
"Caga na Ericeira!"; foi o que me disse...
De qualquer maneira, as boas recordações permanecem. Elas não me querem abandonar.
"Caga na Ericeira!"; foi o que me disse...
3 Comments:
está a acontecer por todo o lado, naquelas zonas em que eu (e mais milhentos "eus") passava férias em pequenino, Milfontes, São Martinho and so on.. SAD, BUT TRUE ! também já não vou lá, por essas exactas razões
é.. razões
Até cheguei a pensar em passar por lá,afinal de contas ja não ponho lá os pés há quase 6 anos.Está mais que visto que não ia reconhecer a terra k ainda hoje recordo c um sorriso estampado na cara..good memories!
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