Wednesday, August 15, 2007

não vás

Queria sentir o teu perfume em todas as horas sem descansar sequer um bocadinho. Preferia se assim fosse. Porque me sinto caída quando não estás aqui. Rebolo pelos panos abaixo, arrasto-me pelo soalho mas no fundo continuo inerte. O sossego mora comigo mas quando vais embora ele parte contigo e deixam aqui uma psique estagnada em luz e sorriso e um sentimento luxuoso que não antes tinha provado. Então adormeço a custo. Então tenho sonhos maus. Então acordo assustada de mãos suadas e pernas recolhidas ao peito. E ergo-me de sorriso pregado porque me esperam horas de ti e de nós, num caminho infindável de cumplicidades e palavras bonitas, que sempre fazemos de olhos dados e um vagaroso pé ante pé.
Desta vez, por favor, não vás.

Friday, August 10, 2007

casa


Que invasão é esta que sinto num todo de mim, que me aconchega, me pega e alarga o coração? Que me sente e desmente o frio, me nega o choro e circula em mim e grita a paixão de viver assim, de mãos dadas. Não há triste , há calor, há sorriso e uma pegada gigante de quem jamais me deixa cair.

Nas noites que não conhecem saída, que não falam do fim, não o avistam, sequer, voltas a casa, quente e fazes de ti um rei de suores, de gritos. Fazes de mim voltas envoltas em lençóis, braços e músculos. E bocas unidas que conversam baixinho enquanto de novo voltas a casa, mais uma e outa vez. E nesta continuidade de venenos, palavras, sangues e suores, caminhas em mim e sustentas o meu peito, onde mais tarde sempre acabas por adormecer por estares em casa.

Nessa invasão em que os dois nos sentimos... Já que os dois somos só um.