Monday, April 23, 2007

A ti

Obrigada a ti, que me espreitas, obrigada a ti que me soas a único, sempre depois de aqui despejar as almas e as lamas de um dia ou de outro. A ti, um brinde eterno e antigo como o que me deixas ler, como o pouco que dizes que é, sempre, sempre, tanto! Para ti, um rasgar na face que faz franzir a testa, contigo uma cumplicidade que por aí não se vê, que por aí não se acha.
De ti uma condição desmedida de conta comigo. Por ti uma paixão inerte que sempre nos toca, e que jamais nos cabe!
A ti, obrigada!

Sunday, April 22, 2007

Nesta embriaguez que me cometes, a mesma que me dilacera, me ostenta, me tomba no fim dos dias, ao final da tarde, quando começa a arrefecer.


Monday, April 16, 2007

cá dentro

Não penso agora em nada que me atormente, em nada que roube de mim esta limpa forma de ver. Nada há que me arranque agora esta alma viva de um grito. E tu, que me fazes sorrir na desmedida tamanha de um céu enorme. E que me plantas felicidade nas pontinhas dos pés e no peito e na barriga. E nas mãos, que te enterlaçam e choram ao partir mais uma e outra vez. E quando regressamos ao regaço quente de nós voltamos a fundir as mãos e os olhos e os pés e a rir do não-sentido da vida e das coisas banais. E rimos mais uma vez da água vermelha que bebemos, que cheira diferente! E depois caímos naquela espiral da vertigem que nos traz o sol e a luz e os pássaros e uma água incolor.
Depois caminhamos... sem cansar e sem secar a palavra que sempre dizemos, que queima na boca e pesa nos ombros.

Sunday, April 08, 2007

eu era a obediente amorosa que brincava sozinha no meu mundo

Depois trocámos mais umas palavras... até adormecermos na inércia de um tic-tic nos dedos.
Também és importante, tu!

Monday, April 02, 2007

Uma nuvem do tamanho da tarde

O Tejo esperava já pela nossa visita, mesmo antes de decidirmos que íamos para o ver. O sol não tinha estado tímido nos últimos dias, curtia a nossa pele e os pés preferiam andar; nunca escolheram a inércia. Então fomos andando, como quem procura alguma coisa que faz sorrir. Sorríamos na mesma medida, procurávamos coisa nenhuma... E quando estagnámos naquele pedaço de pedra, naquela forma fria, olhávamos o céu e ríamos de tudo e de mais nada, olhávamo-nos também, não sumia a gargalhada. Então, o compasso do dia toma por empréstimo alguma coisa que nos tira o calor e faz desaparecer os olhos semicerrados. Agora olhamo-nos em aberto, no ângulo desafogado em que se desejam explorar as feições. A nuvem que passou engoliu o sol da nossa tarde, mas deixa, assim vemo-nos melhor! E rimos na mesma, sem parar, sem cansar.