Sunday, March 25, 2007

fica

A música já não mais pára de tocar, aquela que me lembra de ti, aquela que me lembra de nós. Talvez por uma qualquer sinfonia possa nascer uma paixão, talvez pelas palavras as pessoas se possam tocar, se possam olhar. É como ter sede que não morre com água, que não morre com o que costumo beber. Agora mato-a com o teu veneno, que quero sem parar.
Se estiveres assim tão longe, por favor, deixa-me saber, deixa-me encontrar-te. Mesmo que me perca eu ao invés. Porque ao menos em ti eu me encontro, em ti eu sei onde estou. Acalma o grito e a saudade desaparece, como as lágrimas se limpam.
Dás-me abrigo e silêncio, e palavra que me transformo, que subo a uma loucura diferente! E quando te elevas comigo, quando me acompanhas na subida e na loucura, nada parece importante. Não como tu e eu, não como nós dois.
Fica comigo.

Sunday, March 18, 2007

pequena carta para ti

Ouviste que gritei que não sei nada aqui sem ti? Quero muito mais do que apenas o suficiente, não mais quero o "tem de ser" nem o porque sim, já detesto o "mais ou menos". Até onde chegam os gritos que todos ouvem? Sei que o meu pode ir mais longe, mais alto, mais fundo, até! Decorei quantos segundos demoro a adormecer sem te ter por cá. Não são mais que antigamente, são menos! Porque me ensinei que passa mais depressa assim, ensinei-me que assim vou encontrar mais depressa esse teu jeito fugaz de me olhar, esse desdém veloz nas palavras desmedidas e fechadas. Por isso aprendi que quero adormecer sempre antes do que sempre tem sido; para que não tenha mais de imaginar os teus cabelos gargalhados e a tua graça desmedida e os possa finalmente ver e sentir e cheirar.
Volta no vento, meu amor. Volta depressa, por favor.

Monday, March 12, 2007

as minhas asas de rendas de penas

De uma forma ou de outra, acabo por levantar voo e sair daqui. Pelas minhas próprias asas conheço um mundo que apenas em mim cabe, só me serve a mim. Cheio de coisas que eu já imaginava antes e de outras ainda por criar, ainda por nascer. Voar não se resume a bater as asas, como andar não se resume a adiantar um pé ao outro; voar não se fica por rasgar os céus impostos por nós ou por alguém. Criar vento para o contrariar não chega. É um bom começo mas não suficiente. Queria voar com todos mas nem todos sabem voar, muito menos os que podem. Queria que vissem as minhas asas iradas de ar, arejadas de ira quando por aí me atiro, onde não me vêm nem me sentem, apenas me ouvem. Se solto o grito vou sentir a raiva surda de não mais usar estes membros que me entregam, estes membros que me elevam sobre ti e sobre todos! De vez em quando eu converso contigo e sei que não há muitos que podem fazê-lo. E sei que me espreitas e sei que me guias. Sei melhor ainda que me amas e às minhas asas de rendas de penas. Porque com elas eu posso conversar contigo, com elas eu consigo ver-te e saber que daí a guias a ela também! Não sei se posso acreditar nesse mundo onde me levas às vezes. Não sei ainda se quero acreditar nele, não sei se acredito que ele existe de verdade. Mas há mais mundos onde eu também moro, onde eu às vezes vivo e outras fico.
Sei só que as asas me levam onde gosto de estar, onde dá gosto ouvir o vento e a chuva, onde há diferente serenidade e constante silêncio verbal.
Por isso te digo que um dia vou ensinar-te a voar.