Wednesday, May 31, 2006

E a cada trago


Ben Harper - Alone
E a cada trago se me avermelham as bochechas, a cada trago levo um avanço de adrenalina que corre com timidez pelas veias que começo a sentir lantejar. As baforadas que mais intensas vão ficando e me atormentam a mente de felicidade e lentidão. Ainda neste ânimo festivaleiro que há já algum tempo não se fazia por aqui sentir. Ainda que as asas não me cheguem para levantar voo; as mesmas asas que me levaram já a alturas vertiginosas. Que se contem as coisas boas que há para contar, se as houver. Que se falem as maldades que se fazem, que adormeça e durma a podridão mendiga de te esperar numa dança inerte. E que nasça e viva a recompensa que sei que vai chegar, que não se vê a olho nú. E por falar em nudez, que se dispam as mentalidades acorrentadas e amordaçadas em cernes que não se usam, já. Tirem de si essas roupas compridas em que tropeçam por saberem que precisam de ser trocadas já que mudaram os tempos. Que se designem novos mas bons caminhos e alveje-se a hipócrita mania de tudo e de mais nada. E desenhem e rabisquem a novidade que é estar vivo todos os dias. E o grito, fiquem a saber, acaba por não compensar. Ele apenas acalma.
E a cada trago se me avermelham as bochechas, a cada outro surge a sede. A espiral forma-se ao meu cerrar de olhos, mas não deixo que puxe por mim, apenas por outro trago, desses que me avermelham as faces. Comtemplo, antes, a tua fotografia.

Tuesday, May 23, 2006

xis , é , guê

xeg - o sistema

Ele é com toda a (minha) certeza o que melhor consegue, de entre os portugueses que o fazem ou tentam fazer, passar o tom contestatário, o tom de revolta contra a podridão sistemática em que estamos, em que vivemos. E o remédio? Não está à vista por isso ele move-se contra, ele fala daquilo que sabe que falha, daquilo que é a sua cultura e a sua arte, daquilo que há no amor de bom e de mau. E fá-lo agressivo, demasiado bem. O dele é o hip hop que nos deixa a pensar nos podres que já cometemos, nas coisas boas que deitamos fora e desperdiçamos, do mau cheiro do sistema, da guerra no Iraque, do ódio pela outra cor. É uma classe diferente, é uma classe à frente. Gostava de um dia poder vê-lo passar e dizer só "parabéns!".
E a rima dele é tão, tão boa! A rima dele é a pura. É bruto! Xeg é bruto!

Wednesday, May 17, 2006

mais um


Este ano não me sinto com aquela vontade que chegue o dia. Este ano pareço-me diferente e sei que o estou. Em vez de o festejar, vou gritar o último dia com dezoito. Alguem faz força para que seja diferente, alguem me faz, ainda assim, sorrir porque mais um passou. E outro chega! E ela vai fazer com que, mesmo novo, ele seja especial, diferente, aborrecido, chato, sorridente, especial, gritante! Como faz desde que chamamos o nome uma da outra! Sem ela seria, não duvido, muito muito dificil!
Obrigada Gá!

Thursday, May 11, 2006

diamantes a porcos

Depois de uma breve visita a um blog mirtiloso que faz muitas das minhas delicias, não posso nem quero deixar de passar também a ideia da quantidade existente de blogs fascistas. Isto soa-me a nojice, o inédito número de castradores que por aí andam a carregar numas teclas e a fazer com que palavras de meio-mérito (muito pouco) se espalhem por meio mundo. A verdade é que os fervorosos revolucionários também eles são "mais que as mães" e conseguem equilibrar a balança entre esquerdas e direitas. Mas ainda neste pé, os anti-vermelhuscos andam a tentar carcomer estas andanças de "la revolución" (sebem que também ela em vão) com blogs de tributo repugnante e alérgico a, imagine-se, Salazar, Mussolini (o que até nem me espanta) e a gigantesca panóplia de blogs dedicados ao afincado fascismo italiano.
É a febre bloguista que afecta, parece, a todos um pouco e diga-se em boa verdade que o facto é que eles também têm direito ao seu. Ainda assim, considero porcos com diamantes, não consigo conceber diferente pensamento e a única expressão que me surge é "fascistas nojentos". Aparece em bruto e acaba por atropelar qualquer bom principio que possa surgir devagarinho acerca da igualdade de direitos. Bom, nada mais...
"Hasta la vitoria, siempre!"


Monday, May 08, 2006

progenitora

Saturday, May 06, 2006

O que é nacional é bom

"Foi você que pediu um Porto Ferreira?"

Thursday, May 04, 2006

Na falta


jay z - cashmere thoughts

E de novo esta vontade desmedida de beber o teu abraço. De novo esta coisa do romantismo dos diabos, à antiga, quase cego. De novo uma fome de escrever uma qualquer palavra que chegue a esses lados, que por aí entre e que por aí fique a atormentar o teu espelho, a tua almofada e a tua memória, acima de tudo. Uma que valha a pena. De novo esta minha mania de querer prever coisas que só virão depois, se assim for. De novo um chá, vestígio de um inverno mal passado, de novo o sono que me perturba por razão nenhuma. E depois aquela sede. Essa, que teima em não desaparecer, teima em não passar como se de deserto se tratasse. Pois já lhe tentei ensinar que com deserto não há por aqui parecido, tudo se povoa a mais e mais, tudo se enche com coisas do presente e outras do passado. Nada esvazia, não há aqui nada que se pareça com o deserto. Mas a sede, essa, teima em vir. Ao menos que viesse só de passagem. Mas esta é das que vem e quer ficar. E nem sequer pede permissão; fica e pronto. E de novo a mesma sede, de novo a vontade em quantidades absurdas, ainda assim humanas, à medida de quem as pode aguentar.
Novamente a vontade de ti.

Monday, May 01, 2006

crise de riso

Crise é já uma palavra que soa a "olá" aos nossos ouvidos nos dias que correm. Com a situação a piorar, e para não desatar tudo numa choradeira, o melhor que temos a fazer é mesmo... rir. Porque para grandes males, grandes remédios, viremos a história de maneira a não sairmos "magoados", já que o nosso querido e amigo Governo também ele se prende com coisa pouca, mesmo com o estado de terceiro mundo em que se encontra a saúde, a educação, finanças, justiça, emprego e todo restante leque de doenças que atormentam o cerne do nosso pequenino Portugal. Com os breves balúrdios pagos aos Sistemas e Ministérios para "ver se isto anda", os mesmos preferem entreter-se a gastá-los em campanhas anti-tabagismo, a discutir aquela (tão importante) décima no grau de alcoolémia permitido por lei, a introduzir a educação sexual nas escolas (em lugar de ensinar a criançada a ler e escrever como gente que realmente andou na escola) e, enfim, por aí fora... Como se fôssemos uma Espanha, a morrer de boa situação. Se isto não dá para rir, só quando vir tudo num grito de desespero e com lágrimas a saltar três a três é que acredito nesta situação... Mas que situação. Como podemos nós considerar que vivemos numa sociedade livre e sem tabus, avançada e sem complexos, quando entregámos assuntos que eram antes discutidos e falados pelas velhas cuscas, aos fiscais, polícias e cientistas. Isto faz-nos caminhar no magro (que tende a engordar) corredor da multa, no cada vez mais longo corredor da burocracia em demasia, enquanto num antigamente próximo seríamos apenas enxuvalhados e apontados em prole da bisbilhotice das velhas carcaças que, sem dúvidas à vista, davam muito bem conta do recado.
Enfim, andamos com o país doente. E neste caso, nem a medicina nos vale. Essa anda ainda mais engripada e os poucos tustos que lhe vão caindo, nem para uns lencinhos para assoar a narina chegam.
Enfim, vamos rindo enquanto não temos mesmo vontade de chorar.