Thursday, November 24, 2005

Até que ponto temos de nos fazer de interessantes?

Erykah Badu - appletree
Já todos sentimos a necessidade de nos fazermos de interessantes. Leia-se a permanente vontade de "os outros", sejam eles amigos, conhecidos, familiares ou meras pessoas, gostarem de nós e sentirem qualquer coisa em relação a nós que não sentem em relação ao outro. Isto acontece sempre. E sublinho sempre. Peço-vos que reparem nesta estupidez tamanha, neste desejo desmedido de querermos agradar a(s) outra(s) pessoa(s);
Hoje em dia, mesmo os amigos, são "escolhidos" consoante aquilo que se faz com eles. Temos, por exemplo, os amigos da faculdade, os amigos da noite, os amigos da escola de condução, os amigos do café, os amigos do futebol e, agora, há até quem tenha os amigos da playstation ou os amigos dos jogos interactivos na internet (os quais nunca olharam para o focinho uns dos outros, mas até se conhecem e, mais grave, passam grande parte do tempo juntos!)
O que quero com isto dizer é que estamos com as pessoas por uma única razão e somente para essa mesma razão. Já não temos amigos só porque sim! "Porque ele é meu amigo!". Não, isso já não há! As pessoas hoje em dia sao incapazes de estar! Só estar! Tem de se fazer alguma coisa e quando essa qualquer coisa a fazer acaba, chega ao fim, acaba o interesse, a amizade não passa dali! E que mau que isto é!
Reparem que se combinamos com alguém, um "amigo" nosso, ir, por exemplo, a uma exposição, o que acontece é que às tantas horas encontramo-nos no sítio x (de preferência o mais perto possível do local da exposição) e vamos daqui à exposição. Vemos a exposição e até se fala de assuntos interessantes. Ao chegarmos ao fim da exposição, acabou a nossa amizade. Ficamos por ali! Vamos para casa, ou jogar futebol, o às aulas de código, o que for! Se acaba o tema de conversa, temos um medo que nos pelamos de sermos tomados como desinteressantes. O mais grave é que isto já é totalmente inconsciente, mas acontece de qualquer maneira!
É uma espécie de desejo desenfreado de aproveitar as pessoas mediante a duração do dia e a quantidade de coisas que têm de ser feitas durante o mesmo!
Perdeu-se o culto da amizade! Tenham AMIGOS, gritem, durmam juntos, olhem para as moscas, façam cócegas, tirem macacos e cocem o sovaco! Não marquem horas para isso!
Isso é tão bom sinal! Também joguem à bola, playstation, vão às aulas... TUDO!
Não se fiquem por aí!

Tuesday, November 22, 2005

Para que fique bem claro

Jack Johnson - crying shame

Quem não gosta de se fazer de difícil? O meu feitio adora-me e eu cada vez gosto mais dele, confesso! Tendo em conta que há também certa(s) pessoas que gostam que eu levante o sobrolho esquerdo de irritação e, ainda por cima, irritação desnecessária, eu vou dar esta desnecessária explicação de tal facada nas costas e "não sei mais o quê" (d'sfarça)...
Miguel Esteves Cardoso é quase meu amigo só por isto. Sebem que às vezes exagera, desta vez ele ajudou-me;

"O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o
alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas,
a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa
estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso.
Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe,
já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada,
abraços, flores. O amor fechou a loja.
Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
(...) É esse perigo. O nosso amor não é para nos
compreender, não é para nos ajudar, não é para nos
fazer felizes. Tanto pode como não pode. (...) Por
muito longe, por muito difícil, por muito
desesperadamente. O coração guarda o que
se nos escapa das mãos."
oh... é porque a lamechice também faz falta. Não tomada em demasia! Ó tu que fumas, percebeste a história da faca(da)?

Sunday, November 20, 2005

(Sal)mão da sabedoria

Ben Harper & the Innocent Criminals - walk away

Penso que por vezes a vida se assemelha a um rio, já que passa e não volta atrás. Ainda assim, todos sabemos porque, enfim, alguns de nós já o fez ou sabe de alguém que o fez, podemos nadar contra a corrente. E nisto, amigos, o salmão ganhou definitivamente. Ganhou sem mais ditos! Ele é um peixinho insignificante lá com os seus dois segundos de memória que, em determinada altura do ano, nem sei qual e não tenho curiosidade (já vos explico porquê), ele passa um espaço de (também não sei quanto) tempo a "remar contra a maré", "nadar contra a corrente". Ele galga o rio para um simples e óbvio objectivo: sexo!
Podemos, claro, fazer a conexão... Então vamos a isto; ahahah. É óbvio que não me vou pôr a escrever o fenómeno hormonal e desenfreado dos humanos para alcançar o fruto mais apetecido e cada vez mais o menos proibído. Isto para dizer que ele sabe-a toda, ou acham que ele ia demorar x dias a contrariar qualquer coisa se lá no topo não estivesse o que o agrada? Isso não existe. O interesse é permanente. E antes vem a sabedoria. É passada assim, de geração em geração. O salmão gosta de sexo, bem como todos os seres vivos. Ele gosta e pronto!
Não me interessa a época do ano de acasalamento do salmão porque, não sendo eu uma "salmoa", o mundo dos terrestres é bem mais... como direi? Fácil é uma palavra extremamente... fácil, lá está! Chamo-lhe antes acessível. A corrente para nós pode ser a farmácia fechada, alguém em casa... Todos aqueles "ses" que nos já aconteceram alguma vez. Agora... a época de acasalamento? Não há cá disso! Imaginem-se e riam-se um bocadinho!

Viva o salmão!

Thursday, November 17, 2005

Marley


1945, Nine Mile, norte da Jamaica. Uma garota negra de dezoito anos dá à luz neste ano em que a paz volta a reinar no mundo depois de nove anos de guerra que matou milhões de pessoas.
Robert Nesta Marley, o grande Bob, espalhou pelo mundo a religião Rastafari com a sua música. Religião esta que seguiu e acompanhou toda a criação de um negro livre da dominação branca (povo ainda marcado com a escravatura). Marley entra por isso na história da luta contra a opressão, o preconceito e a violência. A fé Rastafari de Bob ecoou por esse mundo com as suas canções de liberdade. Atrevo-me a dizer que completa os nossos (meus) ideais de união, justiça e independência.

"Won't you hear to sing
These songs of freedom"
E quem é que não reconhece aquele cabelo? Ele prório é simbólico!
Adoro...

Wednesday, November 16, 2005

Pessoas

Kanye West feat Jamie Foxx - gold digger

Hoje caminhava pela Nossa Lisboa na minha (in)significante qualidade de uma em dez milhões enquanto pensava na solidão que de quando em vez me dá... Isto até olhar em volta e me aperceber do meu egoísmo. Porque às vezes me sinto só mas nunca, acreditem, nunca tão só como entre tantas outras solidões que se cruzam com a minha. E todos os dias! Todos os dias elas me passam ao lado e só hoje dei por elas. Na confusão da cidade há milhares de corpos que se tocam, que embatem e que apesar do contacto, que é frio, continuam fechados num silêncio abstinado. É arrepiante quando nos apercebemos como podemos olhar tanto para o nosso umbigo. E logo o umbigo, cicatriz da certeza que estivémos ligados a alguém. Mas também, para isso, basta sermos!
Há também aqueles que estão sozinhos por escolha. Não porque disseram "Ah... eu quero estar sozinho para sempre!"... só porque não aproveitaram bem qualquer coisa! Esses não sofrem de solidão. A esses eu prefiro chamar estúpidos. Sem serem estúpidos há os a quem o azar bateu à porta. Mas antes do azar bate, normalmente, a oportunidade. Isto na minha ideia!

Haja companhia.

Tuesday, November 15, 2005

Irónico



"(...) my dreams
came true
when I
looked at you(...)"
Stevie Wonder, Overjoyed


...juro que não percebo... Se tento perceber as
gargalhadas não acabam!
Enfim...

Monday, November 07, 2005

Atrevido

Gorillaz feat De La Soul - feel good
Ele nasceu há uns anos, penso que por volta da década de 50, ou um pouco(muito pouco) antes. Anschool é o termo por ele inventado para definir um nosso "não-escola", nome da sua última exposição. Ele é um artista e tanto, já que consegue transformar um espaço onde normalmente se vai e se é forçado a olhar uma única peça; admirá-la e mandar uns "aaaahhh" 's asquerosos e na maioria das vezes praticamente obrigatórios. A isto eu chamo exposição. Thomas Hirschhorn puxa-nos para dentro, engole a nossa atenção. É excessiva e densa, a arte que faz. Apesar disso, os motivos expostos acabam por se tornar autónomos.
A tal "anschool" por ele criada é assim um lugar que rejeita as regras a que estamos habituados, aquilo que temos como dado adquirido, como é o caso do pensamento e a maneira como o transmitimos. Basicamente, o que pretende Thomas é mostrar a possibilidade enorme que há (e isto é verdade) de aceder ao conhecimento e à experiência com democracia, através dela. Usa materiais pobres. Sim, pobres! Entenda-se fita-cola, cartão e papel de alumínio, calculo que entre uns outros milhares que eu até devo desconhecer.
E umas centenas de metros quadrados semelhantes a uma escola vandalizada de protestos e reivindicações não passam ao lado. Misérias, violências. Tumores que estão ali. Toda a gente pode ler-lhe a mente através daquilo; "estou-me a cagar para o caos em que transformei este espacinho...".
Ali há uma constante dos seus ideais, das coisas que ele de facto pensa e nas coisas que ele de facto tenta passar. Ele vê a Arte como máquina de guerra , o que é obviamente condenado por pessoas que não a percebem e que infelizmente têm poder. Aconteceu-lhe na sua terra natal considerarem ofensivo aquilo que faz e, cabrões da vida, cortaram-lhe o orçamento. Artista não cruza os braços. Agora expõe por esse mundo fora com a promessa de que a Suíça não mais verá exposições por ele assinadas.
E ele escreve! Escreve sim!
"as informações sobre uma obra de arte não deverão ser niveladas por baixo para atender ao grande público. Pelo contrário, deverão ser niveladas o mais alto possível para chegar ao indivíduo".
Escandaloso, não?

Sunday, November 06, 2005

Esprit

Jamiroquai - Seven days in sunny June
Não sei mas tenho ideia que isto não acontece com todos nós, não significando que eu seja uma priveligiada. Bom, no caso sou mesmo! Há até certezas disso!
Nas coisas que nos acontecem, lá pelo meio, mesmo mesmo na encruzilhada, há coisa qualquer que sobressai entre as tantas que lá estão! A mim acontece-me, acontece mesmo! E que estranho que é porque eu não sei como descrever. Talvez por não ter descrição! Conheço um "respirante" que é o exemplo vivo de avoir de l'esprit e isto, amigos, é o que é mesmo difícil de definir, de conseguir explicar. Aliás... mais difícil de perceber é o que se sente com isto. E tão pouca gente (pelo menos os que já o sentiram) sabe que isto define isso mesmo.
Sabem aquele ser vivo que não precisa de falar? Aquele que tem um humor especial, tão especial que nos faz rir por dentro. Nem isto está bem explicado. É um que mexe de tal maneira dentro de nós que... olhem, não sei! Talvez este post tenha sido má ideia. Mas eu insisto. É que eu sou persistente, sabem?
É o que se chama ao "partes-me todo/a". E mesmo assim nem é! Faz-nos rir por dentro, um género de cumplicidade que acaba por ser percebida só por nós e pelo ser! É inacreditável, fabuloso. Isto não me faz comichão no dedo mindinho nem muito menos me irriga os nervos. Irriga qualquer coisa como a vontade (proibido levar isto para sítios agora menos convenientes). É quase permanente. E é bom! Acreditem que sim!
E depois é o sorriso rasgado de orelha a orelha só porque sim! Isso já é conosco!
O Jamiro disse uma frase que eu curti; "I need the drug you got to give, keep it like that 'cos it's positive". Enfim... o paralelismo? Pode ser feito, se se quiser!